Compreendendo as opções exóticas

Por
melver
22/04/2024 16h00Atualizado: 26/04/2024 11h13

No Mercado Financeiro, a opcionalidade vai muito além dos contratos padrão de derivativos encontrados à disposição nos livros de oferta. Há o mundo à parte das opções exóticas. As opções exóticas são instrumentos financeiros mais complexos e menos comuns e podemos projetá-las a partir de um número mais amplo de condições. Neste artigo, exploraremos o conceito de opção exótica, sua importância no mercado e teremos uma ideia de como elas são precificadas.

O que são Opções Exóticas?

Antes de mergulharmos na complexidade das opções exóticas, vamos relembrar o conceito básico de opções em si. Opções são contratos que conferem ao seu detentor o direito (mas não a obrigação) de comprar ou vender um ativo subjacente a um preço predeterminado (preço de exercício) em ou até uma data futura (data de vencimento). Quanto ao tipo de operação contratada, as opções podem ser divididas em dois tipos principais: opções de compra e opções de venda. Pela aquisição do direito, o detentor da opção paga ao seu emissor um prêmio, que corresponde ao valor atual desse direito. Podemos calcular o preço da opção a partir do valor atual do payoff esperado da opção. Pois bem: até aí estamos falando de opções vanilla, ou contratos padrão, cujas regras são simples e padronizadas.
No caso das opções exóticas, sai de cena a figura do contrato padrão, e entram contratos com características únicas e complexas. Essas características podem incluir, entre outras coisas, preços de exercício não lineares, datas de vencimento não convencionais e cláusulas condicionais complexas. O nome “exóticas” reflete o fato de que elas costumam ser bastante peculiares e complexas em comparação às opções clássicas.

Condições de barreira

Entre outros tipos de condições, as opções exóticas podem contar com cláusulas de barreira. Tais cláusulas tornam a existência de uma opção condicional à trajetória de preços do ativo. Termos como “Up and in”, “Up and out”, “Down and in”, e “Down and out” são bastante comuns na definição essas cláusulas. Uma opção passa a existir (IN) ou deixa de existir (OUT) caso o preço atinja uma barreira de alta (UP) ou baixa (DOWN). Vamos olhar detalhadamente para cada situação:

Up and in

Uma opção “Up and In” torna-se ativa (o contrato passa a existir) apenas no caso de o preço do ativo subjacente atingir um determinado nível pré-definido (barreira superior). Não é necessário que o preço se mantenha acima da barreira, mas tão somente que suba, eventualmente, e toque o valor de barreira superior antes do fim da vida do contrato. Isso significa que a opção só se torna ativa se o preço do ativo atingir ou ultrapassar a barreira superior. Se o preço da ação não atingir a barreira durante o período de vigência da opção, ela expira sem valor.

Up and Out

De forma análoga, uma opção “Up and Out” torna-se inativa (o contrato deixa de existir) caso o preço do ativo subjacente atingir um nível predeterminado (barreira superior). Isso significa que, se o preço atingir ou ultrapassar a barreira superior, a opção deixa de existir e se torna sem valor.

Down and In

Uma opção “Down and In” torna-se ativa apenas quando e se o preço do ativo subjacente cair e atingir um determinado nível pré-definido. Em outras palavras, a opção se torna ativa se o preço do ativo cair e ultrapassar a barreira inferior ao longo do tempo de vida do contrato. Nessa ocasião, a condição passa a existir e seu payoff será uma função do preço de exercício e o preço do ativo subjacente no vencimento. Se o preço não cair abaixo da barreira durante o período de vigência da opção, ela expira sem valor.

Down and Out

De forma similar à opção “Up and Out”, uma opção “Down and Out” deixa de existir quando o preço do ativo subjacente atinge a barreira inferior. Portanto, se o preço atingir ou cair abaixo da barreira inferior, a opção encerra sem valor.

Note que as cláusulas de barreira permitem que os investidores usem os contratos de opções para criar estratégias de hedging mais complexas. Além disso, eles também podem apostar em movimentos de preço específicos, que consideram o horizonte de vida da opção e a expectativa de volatilidade do ativo subjacente. Com as cláusulas de barreira, é possível criar instrumentos mais complexos e cuja precificação demanda um estudo mais detalhado e pormenorizado, utilizando modelos e procedimentos matemáticos mais complexos.

A Importância das Opções Exóticas

As opções exóticas desempenham um papel importante no mercado financeiro, ao permitirem a customização do risco, o hedging avançado e a ampliação das possibilidades de produtos em operações estruturadas. Nesse sentido, a personalização de instrumentos financeiros mais aderentes e adaptados às necessidades de gerenciamento de risco de investidores e instituições agregam valor às operações. Além disso, elas criam oportunidades de contrapartida, já que as opções exóticas, assim como as opções padrão ou vanilla, requerem um lado comprador e um lado vendedor para que ocorra a transferência de risco.
Essas ferramentas também proporcionam que operações de hedge sejam projetadas através de blocos de construção mais maleáveis do que as opções padrão. Nesse sentido, as opções exóticas permitem a inclusão de cláusulas especificamente projetadas para atender aos objetivos de um investidor ou cliente, que deverá então encontrar um partido disposto a assumir a outra ponta da operação. Para que esse processo obtenha sucesso, é importante que o instrumento seja adequadamente precificado, de forma que a transferência de risco seja remunerada de forma coerente com o payoff esperado do instrumento.
E aqui a palavra-chave é: precificação. Como precificar uma opção exótica?

Precificação de Opções Exóticas

Precificar opções é uma tarefa desafiadora. Precificar opções exóticas é uma tarefa ainda mais desafiadora, devido à sua complexidade e peculiaridades. Para precificar uma opção exótica, cada contrato precisa ser modelado para que possa então ser avaliado em termos de métodos numéricos computacionais. Comumente, são utilizados métodos como Monte Carlo, Árvores de Decisão ou Diferenças Finitas, por exemplo. Em alguns casos raros, muito raros, métodos analíticos podem ser utilizados também. Entretanto, na prática, isso não é nada usual.
A precificação de opções exóticas também pode ser influenciada por fatores como volatilidade implícita, taxas de juros, dividendos, entre outros, assim como as opções padrão ou vanilla. É importante destacar que a precisão na precificação das opções exóticas é essencial, pois pequenas variações nas condições de mercado podem ter um impacto significativo em seu valor. Portanto, antes de embarcar em sua próxima operação estruturada com opções exóticas, vale a pena dar uma olhada mais detalhada nos métodos de precificação de opções exóticas.
Por fim, podemos resumir alguns pontos. As opções exóticas representam uma categoria fascinante de instrumentos financeiros que desempenham um papel importante no mercado financeiro. Sua complexidade tem como contrapartida as inúmeras possibilidades de customização de risco, hedging avançado e criação de produtos financeiros únicos e com as especificidades desejadas. Em resumo, o instrumento pode ser projetado em pormenores como função do risco que se deseja transferir. Devido às suas particularidades, o processo de precificação de opções exóticas envolve modelos e métodos mais sofisticados do que os aplicados às opções comuns.

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