Entendendo as opções de venda

Por
melver
27/01/2024 16h00Atualizado: 14/05/2024 10h15

O mercado financeiro apresenta uma vasta gama de instrumentos e contratos, que podem ser usados pelos investidores nas mais diversas situações. Entre esses contratos, podemos citar as opções. Neste artigo, discutiremos o que são as opções de venda e como você pode usá-las para garantir um preço de venda maior caso as ações se desvalorizem.

Seguro de automóvel: Uma outra visão?

Antes de mergulharmos nos detalhes das opções de venda, vejamos uma outra abordagem para o seguro de um automóvel.

Quando você compra um carro, uma das primeiras coisas que você pensa é em fazer o seguro deste carro, certo?

Pois bem, pode não parecer, mas na prática você comprou uma opção de venda!

Mas como assim?

Na mente da maioria das pessoas, um seguro é uma forma de a seguradora consertar o carro se algo de ruim acontecer. Além disso, no caso de perda total, a seguradora paga um valor para o segurado (nome difícil para indicar o cliente, no caso, você).

Vamos pensar de uma forma um pouquinho diferente.

Quando ocorre perda total, então, você (o segurado ou cliente) tem o direito de vender seu carro (ativo-objeto) para a seguradora por um preço (strike) determinado previamente (para simplificar, vamos considerar um preço fixo em vez de usar a tabela FIPE).

Para ter esse direito, você paga o valor do seguro (prêmio) que, geralmente, vale por um ano (vencimento do contrato).

Exemplo

Digamos que você fez um seguro do seu carro, a cobertura é de R$ 120.000,00 para perda total, durante um ano e você pagou R$ 4.500,00 nesse seguro. Resumimos essas informações na tabela abaixo:

Ativo-objeto Carro
Preço de exercício (venda) R$ 120.000,00
Vencimento do contrato 1 ano
Prêmio (valor do seguro) R$ 4.500,00

Duas situações podem ocorrer até a data de vencimento do contrato:

  1. Um ano inteiro se passou e seu carro está intacto. Neste caso, você perde o prêmio, ou seja, o preço que pagou no seu seguro.
  2. Um caminhão desgovernado, descendo a ladeira da rua, bateu e destruiu completamente seu carro, que virou sucata. A sucata do seu carro está valendo R$ 5.000,00 no ferro-velho. Então, você pode vender seu carro para o ferro-velho por R$ 5.000,00 (preço atual) ou para a seguradora por R$ 120.000,00 (strike).

No segundo caso, provavelmente você acionará a seguradora e venderá o carro para ela por R$ 120.000,00. Pois bem, você acabou de usar uma opção de venda, ou seja, o direito de vender seu carro para quem (a seguradora) assumiu o risco de comprá-lo caso ele perdesse valor.

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Agora que abordamos um seguro por esse olhar de direito de venda, você tem todos os conceitos necessários para entender uma put ou opção de venda.

Uma put garante ao seu titular (comprador) o direito de vender um ativo-objeto (no caso do seguro, o carro) por um preço (strike) escolhido, durante a vigência do seguro (vencimento). No entanto, para isto, o cliente paga um valor (prêmio) pelo seguro.

No caso das ações, o ativo-objeto é a ação em si. Opções de PETR4 terão PETR4 como ativo-objeto, já as opções de VALE3 terão as ações de VALE3 como ativo-objeto.

Cada opção possui:

  • Um ativo-objeto: que é a ação que o titular (comprador da opção) venderá.
  • Um preço de exercício (strike): que é o preço pelo qual o titular da opção poderá vender as ações.
  • Uma data de vencimento: que é o prazo para o titular da opção vender as ações.
  • Um prêmio: que é o valor pago pelo comprador da opção para ter o direito de vender as ações.

Opções americanas e opções europeias?

Alguns detalhes importantes.

As opções possuem classificações.

  • Uma delas é se a opção é de compra ou de venda.
  • Outra é se o titular pode exercer o direito a qualquer momento ou apenas no dia que o contrato vence.

Quando o comprador da opção pode exercer seu direito a qualquer momento (na prática, ele não pode exercer no dia que compra). Dizemos que a opção é americana.

Por outro lado, se o comprador da opção só pode exercer o direito no dia do vencimento, dizemos que a opção é europeia. No Brasil, todas as opções de venda são europeias.

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Compra (long) de put

Venda (short) de put

Compra (long) de put spread

Venda (short) de put spread

Exemplo

Imagine que você acredite que as ações de MELV3 irão desvalorizar. Atualmente, as ações valem R$ 34,00. Você compra opções de strike R$ 32,00 com vencimento para 42 dias e paga R$ 0,90 pelas opções. Resumimos estas informações na tabela abaixo:

Ativo-objeto MELV3
Preço de exercício (venda) R$ 32,00
Vencimento do contrato 42 dias
Prêmio (preço da opção) R$ 0,90

Imagine agora dois cenários depois de 42 dias:

  1. As ações de MELV3 subiram e valem R$ 36,00. Você tem direito de vender as ações por R$ 31,00. Faz sentido para você vender por R$ 31,00 algo que vale R$ 36,00? Provavelmente, não! Então você abre mão do seu direito e perde o prêmio que pagou.
  2. As ações de MELV3 estão valendo R$ 28,00. Faz sentido vender por R$ 32,00 algo que vale R$ 28,00? Então, suponho que você queira vender as ações!

Pois bem, esse é o funcionamento das opções de venda ou put.

Dúvidas comuns

Separei algumas dúvidas comuns de quem está iniciando no mundo das opções, principalmente em relação às opções de venda.

Preciso ter as ações para comprar puts?

Não! Ao comprar puts, você adquire o direito de vender as ações. Mas se você não tiver as ações, isto não será um problema. Voltemos ao exemplo.

As ações de MELV3 estão valendo R$ 28,00 e você pode vendê-las por R$31,00. Mas e se você não tiver as ações? Como poderá vendê-las? Bem, existem duas possibilidades:

  1. Você compra as ações por R$28,00 agora e em seguida já usa seu direito de vendê-las por R$ 31,00. Portanto, você ganhará R$ 30,00 (R$ 31,00 – R$ 28,00). Como gastou R$ 0,90, seu ganho bruto será de R$ 2,10.
  2. Você pega as ações emprestado com outro investidor (do Ricardo, por exemplo) e as vende. Mas lembre-se que depois você precisará comprar ações de outro investidor (do Alexandre, por exemplo) para devolver ao investidor original (o Ricardo). Mas este é assunto para outro artigo, sobre como funciona o aluguel de ações.

Porque alguém compraria uma ação por R$ 31,00 se elas valem R$ 28,00?

Lembre-se que ao vender uma put, o investidor assume uma obrigação. No nosso exemplo, a obrigação de comprar as ações de MELV3 por R$ 31,00, não importa qual o preço das ações. Quem decide se venderá ou não as ações é o titular (comprador) das opções.

Assim, se as ações subirem, o titular desiste da venda. Mas se as ações caírem, o titular venderá as ações e o lançador terá de comprá-las.

Resumo

Como vimos acima, uma put ou opção de venda é um contrato que resulta em um direito ao titular (comprador) e em uma obrigação para o lançador (vendedor).

A put possui:

  • Um ativo-objeto: que é o objeto de negociação.
  • Um preço de strike ou preço de exercício: que é o preço de direito do titular. Ou seja, o titular poderá vender o ativo-objeto pelo preço de strike.
  • Um prazo de vencimento: depois desse prazo, o direito deixa de existir. Assim, se você não exercer o direito, perderá o prêmio que pagou.
  • Um prêmio: que é o preço que você precisa pagar para ter o direito de comprar o ativo-objeto.

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