Ciclos Econômicos: conheça as fases e aprenda a usar contratos futuros com estratégia

Por
melver
13/05/2025 16h00Atualizado: 15/05/2025 16h13

A economia se move em ciclos e em cada ciclo, alguns ativos apresentam uma melhor rentabilidade que outros. Por isso, é de extrema importância que o investidor fique atendo a eles. Aliás, até mesmo os traders devem ficar atentos aos ciclos econômicos para montar suas operações na direção que os ativos seguem durante cada ciclo.

Nesse artigo, falaremos dos ciclos econômicos e como eles afetam os mercados.

 

Ciclo Econômico

Os ciclos econômicos são movimentos naturais e recorrentes da economia, marcados por variações na produção, no emprego, na renda e no consumo ao longo do tempo. Esses ciclos não seguem um padrão exato de duração, mas costumam apresentar quatro fases bem definidas: expansão, pico, recessão e recuperação. Compreender essas etapas ajuda a interpretar o comportamento do mercado, orientar políticas públicas, bem como na escolha dos ativos para investir.

Expansão:

A fase de expansão é marcada pelo crescimento da atividade econômica. Nessa etapa, o Produto Interno Bruto (PIB) aumenta, o desemprego tende a cair e há maior confiança por parte de consumidores e empresários. O crédito se torna mais acessível, o consumo cresce e os investimentos se intensificam. Um bom exemplo dessa fase foi o período de 2004 a 2008 no Brasil, quando o país viveu um crescimento contínuo, impulsionado pelo aumento das exportações, expansão do crédito e programas de transferência de renda.

Pico:

Com o tempo, esse crescimento atinge um ponto máximo, conhecido como pico. Nesse estágio, a economia opera próxima da sua capacidade total: fábricas estão produzindo no limite, o desemprego está muito baixo e os salários tendem a subir. Isso pode gerar pressões inflacionárias, levando o Banco Central a aumentar os juros para conter a demanda. O pico pode ser visto como um momento de euforia econômica, mas também sinaliza que uma desaceleração está próxima. Por exemplo, nos Estados Unidos, o ano de 2007 foi um pico antes da crise financeira global.

Recessão:

A seguir, ocorre a fase de contração, que pode se manifestar como uma desaceleração moderada ou uma recessão mais intensa. Nesse momento, a produção diminui, as empresas reduzem contratações (ou demitem), o consumo cai e o crédito fica mais difícil. A confiança na economia diminui e o PIB desacelera ou mesmo pode cair. No Brasil, um exemplo claro de contração ocorreu entre 2015 e 2016, quando a economia enfrentou uma recessão profunda, com queda significativa do PIB e aumento do desemprego.

Recuperação:

Por fim, chega-se ao vale, que representa o ponto mais baixo da atividade econômica. É o fundo do poço, quando os indicadores estão em seu pior momento: alto desemprego, produção baixa e consumo retraído. Apesar do cenário difícil, o vale também representa uma transição — uma nova fase de recuperação pode começar a surgir a partir dali. A crise global de 2008, por exemplo, teve seu vale no início de 2009, seguido por medidas de estímulo econômico adotadas por diversos países para reativar suas economias.

Observação:

Esses ciclos não são perfeitamente previsíveis, mas são úteis para entender os altos e baixos da economia e preparar estratégias adequadas em cada momento — tanto para governos quanto para empresas e indivíduos. Eles mostram que, na economia, assim como na vida, os tempos de bonança e de aperto são temporários e se alternam com o passar do tempo.

Além disso, é importante destacar que cada fase do ciclo afeta diretamente os preços de commodities, moedas, taxas de juros e ações. É nesse momento que os investidores podem usar os contratos futuros.

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Setor primário da economia brasileira (Commodities)

Como o ciclo econômico afeta os mercados futuros?

Os ciclos econômicos afetam diretamente o comportamento dos ativos financeiros. Cada fase — expansão, pico, contração e vale — cria um ambiente específico que favorece certos investimentos e reduz a atratividade de outros. Entender essas dinâmicas permite ajustar a carteira de forma mais estratégica, aproveitando as oportunidades que cada momento oferece.

Expansão:

Durante a expansão, a economia começa a crescer com mais força: o PIB sobe, o consumo aumenta, empresas contratam mais e os investimentos se multiplicam. Nesse cenário de otimismo, os ativos de risco se destacam. A bolsa de valores costuma ser uma das grandes beneficiadas, bem como fundos imobiliários e commodities. Já ativos mais conservadores perdem brilho — a renda fixa pós-fixada, por exemplo, oferece retornos menos atrativos diante do crescimento da economia.

Nesse cenário, investidores podem voltar sua atenção aos contratos futuros de índice, commodities e juros (DI).

Pico:

Quando a economia atinge o pico, ela opera perto do seu limite de capacidade. O crescimento desacelera, mas a inflação começa a preocupar. Nesse momento, os juros tendem a subir. Os investidores, então, buscam ativos mais estáveis e protegidos contra a inflação. Títulos indexados ao IPCA ganham destaque, oferecendo rendimento real mesmo em cenários mais pressionados. Na bolsa, os setores defensivos passam a brilhar. Ativos muito sensíveis a juros, como ações de tecnologia ou de crescimento acelerado, começam a perder espaço, já que o custo de capital aumenta e o mercado se torna mais seletivo.

Aqui, os contratos futuros de DI, commodities agrícolas, bem como posições vendidas em índice são as melhores oportunidades.

Contração:

Na fase de contração, a economia retrai, o desemprego cresce e a confiança dos agentes econômicos diminui. Nesse ambiente, a busca por segurança se intensifica. Títulos públicos pós-fixados, como o Tesouro Selic, se tornam os favoritos, por oferecerem liquidez, baixo risco e retorno positivo mesmo em tempos de instabilidade. O dólar costuma se valorizar diante do real, já que investidores estrangeiros retiram capital de mercados emergentes e buscam proteção. O ouro também volta ao radar como reserva de valor. Já a bolsa tende a sofrer, principalmente ações de setores cíclicos e empresas pequenas, que sentem mais os efeitos da desaceleração.

Nessa fase, as melhores oportunidades em contratos futuros encontram-se no dólar, ouro e DIs curtos.

Recuperação:

Por fim, o vale representa o ponto mais baixo do ciclo, o que dá início à recuperação. A atividade está deprimida, mas sinais de estabilização começam a aparecer. Aqui, surgem as melhores oportunidades para quem tem visão de longo prazo. Títulos públicos prefixados brilham — com os juros ainda altos, mas expectativas de queda futura, esses ativos se valorizam consideravelmente. Algumas ações, antes penalizadas, passam a ser vistas como pechinchas.

Finalmente, na recuperação, as melhores oportunidades encontram-se nos contratos futuros de DIs, commodities e índices de ações.

Como utilizar contratos futuros em cada fase do ciclo?

Os contratos futuros são ferramentas excelentes que permitem proteger carteiras ou buscar ganhos em diferentes cenários econômicos. Cada fase do ciclo — expansão, pico, contração e recuperação — abre espaço para estratégias específicas, baseadas nas expectativas do mercado.

Expansão:

Durante a fase de crescimento acelerado, o apetite ao risco aumenta. Nesse momento, os contratos futuros de índice (como o mini-índice ou S&P 500) ganham destaque com a valorização das ações. Commodities como petróleo e cobre também se beneficiam da alta na demanda global, sendo boas apostas por meio de futuros da CME.

Pico:

Com a economia em seu auge e a inflação pressionando, investidores procuram proteção. Os contratos futuros de juros longos (como o DI e Fed Funds) tornam-se relevantes para quem deseja se posicionar diante da expectativa de alta nas taxas. Commodities agrícolas também podem valorizar nesse cenário. Posições vendidas em índices acionários ajudam a se antecipar à virada do ciclo.

Contração:

Com a queda da atividade econômica, cresce a busca por segurança. Nesse ambiente, os contratos futuros de dólar se destacam como hedge contra a fuga de capital. O ouro, tradicional reserva de valor, também pode ser acessado via futuros. Para quem opera juros, os contratos de DI curto são úteis para antecipar movimentos de cortes nas taxas básicas.

Recuperação:

Na retomada do crescimento, surgem boas oportunidades para quem busca valorização de ativos descontados. Os contratos futuros de índice (como Nasdaq e S&P 500) capturam a recuperação do mercado acionário. Commodities voltam a ganhar força com a reativação industrial.

Como construir estratégias com base no ciclo econômico

Operar contratos futuros com base no ciclo econômico exige mais do que feeling — é preciso método. Para isso, alguns passos estratégicos ajudam a transformar cenários macroeconômicos em oportunidades concretas.

O primeiro passo é acompanhar de perto os indicadores macroeconômicos. PIB, inflação, taxa de juros e desemprego são os termômetros da economia — entender esses dados é o ponto de partida para qualquer decisão no mercado futuro.

Em seguida, é importante identificar em que fase do ciclo estamos. Saber se a economia está em expansão, pico, contração ou recuperação ajuda a antecipar movimentos de mercado e definir as melhores estratégias.

A partir disso, o investidor pode escolher os ativos mais adequados. Em momentos diferentes, será mais vantajoso operar commodities, contratos de juros ou índices acionários, sempre de forma alinhada ao contexto econômico.

Por fim, vale lembrar que os contratos futuros também são ferramentas essenciais de hedge. Empresas e investidores institucionais usam esses instrumentos para se protegerem de variações nos preços e manter previsibilidade financeira.

Os mercados futuros da CME oferecem oportunidades para atuar com estratégia em qualquer fase do ciclo econômico — seja para ganhar, proteger ou equilibrar.

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